Médica do Sono explica sobre a Polissonografia e sua importância para a qualidade de vida
Os efeitos de uma noite mal dormida são visíveis: olheiras, indisposição, bocejos, aparência cansada, entre outros sinais. Imagina esse mal estar persistir por dias, meses e até anos, o resultado pode ser uma série de doenças. Tem quem considere dormir bem e tempo suficiente (no mínimo sete horas), mas reclama com frequência de cansaço e sono durante o dia.
As doenças são inúmeras - distúrbio das pernas inquietas, bruxismo, parassonias (sonambulismo), distúrbio comportamental do sono REM, insônia, apneia obstrutiva do sono - e que podem estar associadas a outros problemas. “Uma hipertensão descompensada, que não normaliza com medicamentos, pode estar relacionada com a apneia obstrutiva do sono, que está presente em um terço dos pacientes adultos. O distúrbio comportamental do sono REM pode ser indício de mal de Parkinson e o diagnóstico permite tratamento precoce”, alerta a médica do sono e otorrinolaringologista, Carolina Soares.
Polissonografia: Uma noite de exames
A queixa de Fábio Borges, 35 anos, é o ronco. O alerta veio da esposa. “Geralmente durmo depois dela para não incomodá-la. Apesar de não sentir nenhum outro sintoma, vim fazer o exame para saber o que posso fazer para melhorar nossas noites de sono”, comenta. A médica observa que “dormir depois” já altera a qualidade do sono diminuindo a quantidade de horas. “A pessoa que ronca às vezes sofre com
O diagnóstico é feito pelo exame de polissonografia, disponível no Hospital São Lucas e realizado por todos os convênios. O paciente dorme uma noite no hospital e tem seus sinais vitais, cerebrais, respiratórios, cardíacos e de movimentos, monitorados por sensores dispostos na cabeça, tórax, pernas e mãos. Apesar da quantidade de fios conectados ao corpo, a sensação não é de incômodo. Após oito horas de exame, o paciente é acordado e pode ir para casa. Na sequência a leitura é feita pela médica do sono e feito o laudo.
O processo durante a noite é acompanhado por técnicos em polissonografia, que são responsáveis por conectar, calibrar os sensores e monitorar para nada sair do lugar, bem como auxiliar o paciente a levantar para ir ao banheiro e demais necessidades. Além dos sensores, todo o exame é filmado para análise de demais comportamentos, principalmente de parassonia.
Noite reparadora faz bem para o corpo e para a mente
A saúde mental também depende da qualidade do sono associado com alimentação saudável e exercícios físicos. Um dado relevante, e preocupante, segundo a médica, é que a má qualidade do sono triplica o risco de suicídio. É durante o sono que se repara as funções cognitiva e neurológica. “O cérebro da gente envelhece se não fizer a quantidade de sono profundo e de sono REM, estágio em que a pessoa sonha. O sono REM serve como memória, uma limpeza do nosso sistema, guarda as memórias necessárias e descarta as demais, por exemplo, algo estressante”.
As células no nosso corpo têm um relógio, um ciclo biológico, que está programado para, principalmente à noite, exercer funções. “Por exemplo, liberação dos hormônios de crescimento, da tireóide, vitamina D, testosterona, leptina, que estão relacionados ao estágio profundo do sono. Somente quando o organismo atinge uma zona de efeito parassimpático, quando está bem relaxado, consegue liberar esses hormônios”, explica a doutora Carolina.
Quando solicitar a polissonografia?
A polissonografia não é um exame solicitado apenas pelo médico do sono. Cardiologistas, psiquiatras, neurologistas, pneumologistas e otorrinolaringologistas, principalmente, costumam indicar o exame para auxiliar em diversos diagnósticos. Até mesmo endocrinologista para avaliar pacientes obesos para cirurgia bariátrica. “Queixas como falta de disposição, condicionamento cardiorrespiratório inadequado, roncos, hipertensão podem ser diagnosticados e tratados a partir da polissonografia. Vale relembrar aos médicos e pacientes sobre esse exame tão imprescindível para a saúde”.